29/10/2010

Morte ou estado de alma...







Só pensamos na vida, quando nos cruzamos com a morte. E, nunca pensamos na morte durante a nossa vida.
Nascemos, crescemos, vivemos para o ter. Ter estudos, ter emprego, ter casa, ter mais…
Vivemos muitas vezes para o consumir e “consumir” quem nos rodeia.
Passamos grande parte da vida a falar sem dizer o mais importante. Passamos a vida a olhar e… se nos perguntarem a cor dos olhos de quem connosco convive no dia-a-dia, não sabemos.
Falamos muito de coisas, que não se tocam, mas sentem-se. Como o amor, a saudade, a amizade. E porque não também, a morte?
Mas quando sabemos da morte de alguém querido – choramos.
E choramos porquê?
O que é a morte, senão a mais real das certezas, por muito que a perca nos magoe?
A morte somos nós mesmo, quando não sabemos respeitar a dignidade de cada um.
Ai, quantas vezes matamos e somos mortos.
A morte é uma perda física, mas acima de tudo é um ciclo que se encerra na vida de cada um. É um recolher de memórias que foram vividas, sentidas e partilhadas. É proteger cada sorriso dado, cada lágrima, cada olhar, cada palavra. É o guardar momentos e perfumes.
Eu, sinto a morte como uma componente da vida. Não há vida sem morte, e só há morte porque existe vida.
A cada pessoa que fisicamente perco… guardo a cor dos olhos, os sentimentos em mim provocados e tudo o que com ela aprendi.
Não somos fisicamente eternos, nem insubstituíveis.
A morte não me assusta, assusta-me sim perder a capacidade de saber viver!

28/10/2010

Velhice




Quantas vezes vêm à minha memória, as sábias palavras da minha bisavó: “Velhos são os trapos!”.
E admito, que esta frase ajudou-me a ver a velhice dos outros de uma outra forma; e ajudou-me sobretudo a reflectir na minha própria velhice.
Todos sabemos que a velhice atira-nos para a tonalidade do cinzento, infelizmente pelos motivos menos agradáveis que se ouve e vê, mas não deveria de todo ser assim.
Ao contrário de todas as situações tristes que sabemos existir, quando da fase da velhice, eu quero escrever sobre o lado bom da mesma.

A velhice é a altura da tranquilidade, do sentimento de missão cumprida, de se sentir de bem com a vida e consigo mesmo.
É uma doce senhora, sentada à lareira a contar as suas histórias e vivências…
A velhice é uma árvore forte, que ganhou maturidade com as intempéries da vida, e mantêm-se de pé para proteger quem a sua sombra procura.
É a resistência, e a experiência de vida…
A velhice é a doçura dum olhar, e a autoridade para chamar a atenção.
Ser velho é sim, deixar de viver, quando as circunstâncias da vida são adversas.
E para que nunca ficarmos velhos … temos que ter a sadia consciência que todos os dias envelhecemos um pouco.

13/10/2010

Caminhar ao ritmo dos 5%





Não posso…
É que a lata de alguns professor é tanta que até me provoca vontade rir. Rir à gargalhada, e depois desatar a chorar…
Hoje no último bloco de aulas da tarde, uma senhora professora (loira por sinal e em todos os sentidos), ao subir as escadas do pavilhão deixa sair este infeliz comentário, (infeliz, quanto a mim, claro): Ando desmotivada, vão retirar-me 5% do ordenado, logo vou andar e dar aulas 5% mais de vagar.
Eu sorri (com o meu sorrisinho amarelo, e com uma vontade de lhe dizer das boas …), e apenas lhe disse, imagine a senhora se o seu salário não chegasse aos 500€, a que velocidade andava a senhora, parada???
De resposta pronta na ponta da língua disse-me: Ninguém ganha menos de 500 €.

Bem, pelos visto, tenho que rever a minha velocidade quando tiver que prestar os meus serviços a esta senhora…

Enfim, até lhes fica mal, (professores e restantes portadores de abastados ordenados) pronunciarem este tipo de comentário em via pública…